Separados pelo Casamento

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Comédias que não fazem rir estiveram presentes na história do cinema desde suas primeiras manifestações. Como um filme que passa tão longe do seu objetivo chega aos cinemas ainda sendo classificado como uma comédia é um dos grandes mistérios do universo para mim.

Separados pelo Casamento tem a intenção de mostrar o que acontece depois do tradicional “felizes para sempre” que permeia 100% das comédias românticas existentes no mundo. É um tema bem legal e já rendeu bons filmes, inclusive o tremendão Shrek 2. O problema é que de boas intenções o inferno está cheio.

O filme em questão começa bem, mostrando como o casal Gary e Brooke, interpretados por Vince Vaughn (de Com a Bola Toda) e a Jennifer “nham” Aniston (a friend Rachel) se conheceram. Já na segunda cena, os dois estão casados e têm uma briga feia que culmina com a guria terminando o relacionamento e deixando o pobre rapaz embasbacado.

Daí em diante, acompanhamos um tentando fazer o outro sofrer o máximo possível, mesmo ainda nutrindo um profundo amor pelo companheiro. Sabe aquela parte chata que quase todo filme costuma ter (por algum motivo que não entendo), como no primeiro Shrek, quando o Burro e o ogro brigam e se separam? Pois é, Separados pelo Casamento expande essa parte chata para 105 minutos e tem a pachorra de chamar isso de comédia.

As (poucas) cenas engraçadas dessa porcaria vêm da boca do psicótico amigo de Gary, Johnny O (Jon Favreau, que conseguiu a façanha de ser Foggy Nelson e o diretor do filme do Homem de Ferro). Brooke também tem uma amiga, Addie, interpretada por Joey Lauren Adams (a Alyssa Jones – no primeiro papel sem a direção de Kevin Smith em que a vejo).

Claro, se você gosta de ver pessoas sofrendo profundamente, talvez realmente ache graça nesse filme. Não, delfonauta, não me refiro ao sofrimento escrachado que vemos em filmes como Fome Animal, a série A Hora do Pesadelo ou coisas do tipo, pois aí eu concordo que é deveras engraçado. Aqui estou falando de um sofrimento mais sério, similar ao mostrado naquele troço nojento chamado A Paixão de Cristo, obviamente trocando a violência física pela psicológica, que muitas vezes dói até mais.

Se você gargalhou com o sofrimento de Jesus em A Paixão de Cristo e está a fim de ver 105 minutos de duas pessoas causando um profundo sofrimento psicológico uma na outra, Separados pelo Casamento foi feito para você. Agora se a sua idéia de humor envolve pessoas extremamente altas falando “Ni!” umas para as outras, é melhor passar longe. Eu, pelo menos, gostaria de ter sido avisado disso antes de ter perdido meu tempo nesse lixo.

PS: A frase que você viu no box de destaque, “No que dá cruzar um esquimó gay com um cara negro?”, é uma piada contada durante o filme, mas infelizmente interrompida antes de terminar. Se alguém souber como ela termina, conta aí. 🙂